“BORO – O Tecido da Vida”

Exposição Japão a Cru, no MUDE, em Lisboa, até dia 8 de fevereiro. 

Há algum tempo que pretendia ver esta exposição, no entanto acho que só fez sentido vê-la agora.

A palavra japonesa BORO significa “farrapo”. Este é o nome dado ao método de remendar diferentes tecidos, feitos à base de plantas locais, e tingi-los posteriormente com índigo – um corante à base de plantas e cor azul. Esta técnica era muito utilizada no Japão, entre os séculos XVIII e XX, por camponeses e pescadores, que constituíam cerca de 95% da população. Naquela altura, tudo era reparado, reutilizado e transformado, “nada se perdia”.

O boro recorda-nos a importância da reciclagem, reparação e transformação de materiais. Ora isso é semelhante à nossa inter-relação com o que nos rodeia.

“Nada é realmente novo nem constante, somos convidados a reparar os nossos erros e a corrigir as nossas imperfeições – é esta continuidade de trabalho sobre nós mesmos, que faz nascer uma cultura e proporciona uma certa forma de dignidade às nossas vidas.” 

Foi esta frase que me fez perceber o porquê de não ter ido ver a exposição antes. Ela relaciona-se com o meu projeto da FASE 3. Somos convidados a reparar os nossos erros e a corrigir as nossas imperfeições ao longo das vidas que vivemos. É esta continuidade de trabalho sobre nós mesmos, que […] proporciona uma certa forma de dignidade às nossas vidas , ou seja, enquanto vivemos o momento presente, que é efémero, temos de trabalhar para corrigirmos os nossos erros e para nos tornarmos melhores como seres humanos. Temos de reciclar o que chega até nós e reutilizar o que necessitamos para a nossa transformação. É este caminho que deve ser tecido de forma a aprendermos o máximo, tornando a nossa passagem digna de ser relembrada.

Por fim, sublinho o caráter físico da exposição que contém características importantes, ao nível dos materiais utilizados e disposição dos mesmos, para o desenvolvimento do meu projeto.

NOTA: na exposição é possível assistir ao filme The Naked Island, de Kaneto Shindo.


http://www.mude.pt/exposicoes/boro-o-tecido-da-vida_46.html

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